Olá amigos, vou contar agora pra você como foi minha segunda
semana em Viena.
Na minha segunda semana eu já estava acostumado com meu
estágio e sabia tudo que precisava fazer, desde a hora que eu chegava ao
hospital até a hora do meu almoço (quando ia embora): fazer as infusões dos
pacientes internados, ir ao morning meeting e, por fim, ir assistir a alguma
cirurgia no CC. Eu já estava habituado com o hospital e já sabia onde ficava
cada lugar dele... Quando eu chegava, por volta das 7h15, descia ao 3º andar
para ir ao meu armário guardar meu casaco e minha mochila e botar meu jaleco
próprio do AKH (de uso obrigatório); de lá seguia para o 9º andar para fazer as
infusões nos pacientes internos; quando terminava, descia para o 7º andar para
assistir ao morning meeting; depois, subia ao 12º andar para ir pro CC assistir
às cirurgias e, por fim, descia novamente para o 3º andar para botar novamente
o meu casaco e deixar lá o jaleco.
Depois de tudo isso, se eu ainda tinha que esperar mais
algum tempo pelos demais colegas para almoçarmos juntos, eu mudava de prédio
(como já falei o AKH tem 3 torres e a de Neurocirurgia é um anexo ligado por
uma passarela que eu nunca usava) e ia para a biblioteca no 5º andar do prédio
principal (detalhe: o 5º andar aqui é o térreo, portanto do 4º ao 1º, os
andares são subsolos, tipo o HUOL, mas eles não chamam de subsolo). Na
biblioteca, eu me esforçava para conseguir uns dos 8 PCs que tinha livre acesso
à internet e, quando conseguia, esperava meus colegas ali, pois todos quando
saiam dos seus estágios faziam o mesmo.
Depois disso, a gente ia pro Mensa (o RU daqui). O Mensa
funciona no esquema prato feito e sempre havia 4 opções de pratos (um sempre
vegetariano). Os pratos ficavam expostos em uma vitrine com as descrições de
cada um em alemão (que não me servia de nada). Pra minha sorte, eles sempre
botavam a foto do que era a carne (se era carne de vaca tinha a foto de uma
vaquinha, se de porco tinha a foto de um porco, se de frango a foto de uma
galinha e assim por diante. Isso era a minha salvação!
O esquema era o seguinte: o valor da refeição dava direito
ao prato principal e mais uma sopa de entrada ou uma sobremesa – tinha que
escolher! Eu, filho de quem sou, quase sempre ficava com a sobremesa! Para
beber um refrigerante tinha que pagar por fora – eu quase sempre pagava porque
me engasgo muito e preciso comer com um líquido de lado (problema de família).
Na hora de pagar a gente mostrava um cartãozinho que havia recebido para ter
desconto na comida. E aqui vou adiantar um fato engraçado sobre isso que só
descobri na 3ª semana. O cartão realmente dava um desconto. Mas não era o
desconto de estudante da universidade. Era um valor entre o que uma pessoa
pagava e um estudante da faculdade pagava. Na terceira semana eu percebi que se
eu não mostrava o cartão, a moça achava que eu era estudante da faculdade e eu
terminava pagando menos do que quando mostrava o cartão. Dessa forma, a partir
da 3ª semana, nunca mais mostrei meu cartão e fiquei pagando menos de 4 euros
pela comida com a bebida (quando eu mostrava pagava 5,25 euros).
Bem, na hora do almoço, almoçando com os colegas, sempre
decidíamos o que fazer no restante do dia. O Fernando (chileno) quase sempre
queria ir pra casa tirar um cochilo antes de ir a qualquer lugar porque estava
sempre cansado; o Eduardo (peruano) de vez em quando saía com a gente, mas às
vezes não podia porque tinha outras coisas pra fazer ou os horários do seu
estágio não batiam com os nossos; dessa forma, quase todos os dias, apenas eu e
o Eduardo (cearense) saía do hospital direto para as ruas Viena, a fim de
conhecer lugares diferentes.
À noite, muitas vezes, combinávamos um lugar pra se
encontrar com o Fernando e o Eduardo e íamos juntos a um Pub, ou jantar algo
(tudo sempre barato – aqui nós sempre buscávamos o que fazer olhando, em
primeiro lugar, o preço; sim, estou fazendo relatos de estudantes fazendo
mochilão pela Europa)!
Na segunda semana, então, conhecemos a faculdade de Viena.
Na verdade, conhecemos tipo um prédio central de Ciências Exatas, com uma
arquitetura fantástica (como a de quase todas as construções em Viena). Assim,
a universidade deles tem um estilo de construção totalmente diferente do nosso.
Entramos no prédio para ver por dentro e também era fantástico. Logo na
entrada, nos deparamos com uma espécie de placas das pessoas formadas naquela
universidade e que ganharam o prêmio nobel. Lá havia a placa de 7 pessoas e uma
8ª com uma interrogação (eles já estão a espera do 8º)!
Conhecemos, também nessa semana, o parque do Freud, a casa
do Freud, local onde funciona um museu não muito interessante e que só indico a
visita para quem tiver muito tempo em Viena, como eu tive. Ainda nessa semana,
fomos a um espetáculo musical no palácio de Schömbrunn, que apesar de não ser
da orquestra de Viena, era de uma boa orquestra composta por músicos, mais dois
cantores (um homem e uma mulher) e mais um casal de dançarinos que
interpretavam e dançavam algumas músicas (detalhe que o casal de cantores
também interpretavam muitíssimo bem todas as músicas que cantavam). A casa não
estava lotada; pelo contrário, havia poucas pessoas, até porque aquela era uma
apresentação para turistas e que acontecia nos sete dias da semana. Porém, mais
uma vez, tivemos sorte de ir na segunda-feira, porque é um dos poucos dias que
o grupo está completo com músicos, cantores e dançarinos.
Além disso que já relatei, todos os dias passeávamos pelo
centro de Viena, registrando com fotos todas as belezas da cidade (que são
inúmeras). No final da tarde, ou já a noite, quando não íamos a nenhum pub, nem
coisa do tipo, jantávamos juntos (quase sempre no Mc ou nuns quiosques de rua
que vendem comidas baratas – sim, aqui na Europa é diferente do Brasil e o Mc
Donald’s é lugar de se comer para economizar).
Depois de comer, eu sempre ia pra casa... Muitas vezes
passava em algum supermercado, antes de chagar em casa, para comprar algo pra
café da manhã e jantar, além de outras coisas que sempre precisava (sim porque
aqui eu cuidava da minha casa e precisava comprar comida, produtos de higiene
pessoal, limpeza...).
Gostaria de terminar esse post falando mais sobre as minhas
noites depois que eu chegava em casa. Isso porque na minha segunda semana eu
ainda não estava totalmente habituado à nova vida em Viena, mas também a coisa
já estava mais amena. Então quando eu chegava em casa no final da tarde ou à
noite, era meu momento mais sozinho. Eu sempre tirava um tempo para fazer meu
trabalhos da IF, falar com minha família e amigos, ouvir um pouco de música
brasileira (Nando Reis, Zeca Baleiro, Pe. Fábia de Melo ou outro cantor
católico). Quando meus amigos falavam comigo pela internet ou telefone, sempre
me perguntavam se era muito ruim estar sozinho. Minha resposta era que não era
tão ruim assim porque, na verdade, eu sempre ocupava meu tempo e minha mente
com algo. Além disso, ou nunca estava sozinho: sempre estava falando com algum
amigo, um dos meus irmãos ou meus pais. Quando não era isso, eu conversava com
Deus! Sim, acho que nunca conversei tanto com ele em toda a minha vida. E esse
foi um momento especial, creio muito nisso, pra mim e pra Ele porque nos
aproximamos ainda mais. Nas minhas conversas com Deus, aprendi que quando
sentimos o amor dele, sentimos também o amor das pessoas que amamos. E não
pensem que nessas horas eu chorava ou fica triste com saudade de casa e dos
amigos. Pelo contrário, incrivelmente eu ficava feliz e me sentia bem, porque
sabia que as pessoas que me amam estavam todas felizes por eu estar aqui na
Europa. E para mim, não havia como estar com Deus sem também estar com Maria...
Então, eu estava na companhia de pai e mãe! No final da minha noite eu sempre
me deitava e rezava e conversava ainda mais com Deus e, quase sempre, dormia
conversando com Ele e isso era muito bom, porque quando eu acordava no dia
seguinte, sentia que não havia passado a noite sozinho e que, pelo contrário,
havia alguém sempre comigo.
Bem amigos, essa foi minha segunda semana em Viena. No meu
próximo post falarei do meu 2º fim de semana na Áustria, que passei em
Salzburg, cidade onde Mozart nasceu.