segunda-feira, 4 de abril de 2011

Relatos de um acadêmico de Medicina

Desde que entrei na faculdade de Medicina em 2009, optei por não ser mero estudante do curso médico. Quria ser mais que isso... Quando a gente entra na faculdade a gente tem essa oportunidade de escolha: apenas estudar as matérias que nos são dadas ou fazer algo além disso. No meu caso, escolhi a segunda opção!
Ainda no meu primeiro ano de curso passei a fazer parte de um projeto de extensão chamado MediArte - Com Amor e Humor! A idéia é levar alegria às crianças internadas no Hospital de Pediatria (Hosped) da minha universidade. Usando perucas, rosto pintado, adereços engraçados, bom humor e o velho jaleco branco (esse não pode faltar porque a idéia tabém é lutar contra a "síndrome do jaleco branco"), vamos ao Hosped uma vez por semana, em sistema de rodízio entre vários grupos, cantar, dançar, brincar e conversar com a criançada e com seus pais.
Já estava nesse projeto há mais de um ano quando em uma de nossas ações conheci uma mãe que estava com sua filha internada desde que ela havia nascido. A criança tinha 4 meses de vida e jamais havia saído do hospital. As suas únicas casas haviam sido o útero de sua mãe (com certeza a melhor delas), a UTI neonatal e as enfermarias.
O motivo? Ao nascer a mãe tivera um descolamento de placenta e faltou oxigênio para a bebezinha e ela nasceu com sequelas que, dentre as outras coisas, a impedia de deglutir. Devido a isso, ela se alimentava atravez de uma sonda.
Ao entrar naquela enfermaria e me deparar com aquele casal de pais com a sua primeira filha nos braços, tive a felicidade de ouvir dela: "Ainda bem que vocês vieram aqui hoje. Nós estávamostão tristes"! Os pais da bebezinha desabafaram com a gente, contaram das dificuldades enfrentadas nesses 4 meses dentro de um hospital. Falaram da dor de ver sua filhinha naquela situação, mas nos surpreenderam dizendo: "Não guardamos mágoa alguma da médica que fez o parto da minha filha"! Entre conversas e brincadeiras, permanecemos naquela infermaria por uns 20 minutos, pois haviam outras enfermarias a serem visitadas.
Ao sair daquele lugar, eu era uma outra pessoa, um outro estudante de Medicina. A fé daquela mãe, sevira de alimento para a minha alma, fora a força que eu preciso para enfrentar de cabeça erguida os desafios enfrentados dentro da faculdade de Medicina, na luta diária pra ser um médico diferente,comprometido com o corpo e alma, comprometido com a vida!!!
Havia chegado naquele hospital por volta das 7h30 e estava saindo às 12h... Mas não estava cansado, pelo contrário, estava renovado e certo da profissão que eu havia escolhido pra minha vida! Sonhei me tornar um bom médico, um bom amigo dos meus pacientes, um médico capaz de segurar na mão do seu paciente quando for apenas isso que eu puder fazer por ele.